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Mostrando postagens de junho, 2017

Soul - Virgínia Ferreira

Sou o casal que transa discretamente no sofá da sala. Sem estardalhaços, sem a pirotecnia sexual vendida por aí, um chocolate que derrete silenciosamente na boca. Sou os corpos suados que se movimentam, o cheiro inconfundível da pele, a respiração de um no ouvido do outro. Até penso que o sofá não é meu, que o apartamento não é meu e que o casal não sou eu. Os sonhos são assim. Parece que aquela cena não tem nada a ver comigo e que fui parar ali por acaso. Tento sair antes que eles me vejam, mas quanto mais tento me retirar, mais caio para dentro do apartamento. Vou para a cozinha, para o corredor, vejo as portas dos quartos. Deve ter criança dormindo. Sou dois corpos, de tão juntos, de tão ritmados, um. Derreteram-se um no outro. É um apartamento legal, desses de adulto. Antes de ver o casal, eu estava numa quitinete, num hotel barato que literalmente caía aos pedaços. Até que os vi por uma fresta e pumba, fui parar ali com eles. Desconfiei que o homem tivesse me visto. Não queria atr

Sombras e Memória - Matheus Montalvão

Lembro que um di a  você me olh ava diferente. Admiração queimava em fogo baixo quando teu olhar cruzava o meu. Essa memória vai cada vez mais fundo rumo o esquecimento  inevitável . Ainda lembro e guardo minhas lágrimas em silêncio. Toda vez que seus olhos  pousam  nos meus há apenas gélida pena.  Não sou mais quem eu era, os anos  tão  impiedoso s  quanto inevitáveis marcharam sobre mim deixando sua marca a ferro e fogo. Um dia eu havia lhe  perguntado,  dedos correndo   por pálida e delicada fa c e, se essa  mão  calejada e  áspera  lhe  machucava . Você respondeu beija n d o  os cinco dedos e  pousando minha me em teu rosto. Agora o que sobre é o fantasma débil e caquético daquela mão e do homem que já fui.  É frio e cortante o entendimento de que a morte não irá vir cedo. A certeza do lento definhar e assalto ao corpo moldado nos embates constantes.  Sombras não tem o direito de existir frente à Luz. Sempre  foste  o meu sol, uma ancora cósmica sempre me trazendo de volta

Rio Valsa - Lorena Santos

Um rio separa, Divide, O que é  jovem  e o que é  antigo   O novo se vê no velho  E o que é novo envelhece a cada dia Muda assim o novo  Mistura-se A esse antigo  Que se transforma  Um rio nunca é o mesmo rio Os tristes sapatos permanecem  À beira do gélido rio Sapatos sem pés que os calcem  Nunca mais Corpos levados pelo rio O rio não é mais o mesmo Não corre mais sangue  Nesse rio valsa Que separa e mescla  O que envelhece e rejuvenesce O que é brasa adormecida   E intensa chama Rodopia, valsa! Rodopia, rio! Rodopio eu Um rio atravessa Corre  Sinto seu movimento, Sua correnteza Leva-me, hoje, Cinzento rio Em sua valsa a zul  Choro e sorrio Do que foi, Do que será Mas o que é, Apenas é, É um rio E todo o rio segue Urgente  Para o mar Também em: http://innerbabel.blogspot.com.br/2016/02/rio-de-valsa.html

COLETIVO VERBAL

A Oficina de Escrita Criativa da VERBAL começou em 2016, em Brasília, reunindo pessoas que já escreviam e pessoas que sonhavam escrever, mas não encontravam a coragem para enfrentar seus medos. Depois de algumas edições, abrimos um grupo de Oficina Continuada que tem se reunido todas as segundas, para escrever, ler, dar feedback das leituras e se apoiar nesse caminho da criatividade e da expressão artística por meio da escrita. Já éramos coletivos, antes do Coletivo. Encontramos uma forma de escrever que não é solitária e nem excludente, uma forma amorosa e comunitária. Aqui no Coletivo VERBAL, divulgaremos nossos textos, nossos escritos, nossos sonhos, medos e principalmente nossa força e coragem. Escrever é uma forma de arte, uma forma de expressão. A VERBAL acredita que escrever é para todos! O Coletivo VERBAL começa aqui! Se você gostar, vem para a VERBAL escrever com a gente também!