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Mostrando postagens de abril, 2019

Carta ao meu corpo - Elaine Fonseca

Lindo amigo Corpo, Sei que faz um tempo que não  nos falamos ou talvez nunca tenhamos trocado uma ideia de uma forma tão reta e sincera. Me lembro que a última vez que nós tentamos um diálogo você não me obedeceu. Cismou em entrar em pânico. Mas hoje eu sou outra. Sou melhor. Sou uma versão 3.0 de mim mesma. Esta mente que te habita, digo com convicção, é uma mente que busca viver com mais equilíbrio, com mais amor. E é por isso que venho, hoje, falar contigo, meu querido Corpo. Venho te agradecer por tudo o que você tem me proporcionado nos últimos 40 anos de existência. Você me ajudou a chegar onde jamais sonhei e foi contigo que alcancei tudo o que almejei. Verdade seja dita: você, assim como eu, não tem mais 20 anos. Há sim situações indesejadas entre nós, como aquelas celulites e aquela pochetinha que parece ter-se instalado de forma permanente. Nunca te acostumei a comer mato e por isso, hoje, você está longe de ser padrão

Ela, noiva - Conceição Couto

Se me pedissem para escolher entre ontem e amanhã eu, com certeza, optaria pela incerteza do amanhã, pelo desconhecimento, pela possibilidade, pelo fazer diferente. Daria-me um buquê de noiva e adentraria a nave de uma capela vazia de pessoas e cheia de sentido e me casaria, sem noivo, noiva ou testemunhas comigo mesma. Colocaria no cálice, em lugar das hóstias, todas as dores para que se refizessem e me integrassem sem danos. Transmutadas em memórias, elas, as dores, seriam apenas o que já vivi sem o peso de ser como sou. Diria para mim mesma, “ Eu aceito me casar comigo e comigo estar por todos os dias da minha vida, mais na saúde do que na doença, mais na alegria que na tristeza, amando-me e respeitando-me por todos dias da minha vida”. Sairia da capela com a certeza de estar construindo uma vida nova onde a gentileza comigo imperaria. Sem máscaras ou fantasias, sem a expectativa do outro ser responsável pela minha inteireza. Eu e eu mesma sairíamos, assi

Ela e eu - Ana Luiza Braga

Ela e eu, eu e ela, e a gente naquela sem saber, onde está aquele encontro de olhar.   Olhar para o nada e ver sem ver, as horas a andar, andando sem destino, com destino na passagem para a Liberdade, de enxergar aonde quer chegar, sem ver onde ela ... Pra que saber dela? Ela vai. Se um dia precisar, ela vai voltar. Eu e ela, ela e eu fugindo sem destino, mas para que destino? Nós voamos no pensamento, de pensar sobre o nadar até morrer, até chegar lá, até ler Os Miseráveis sem chorar, até parar de sofrer, por tertúlias nunca ocorridas, até chegar no destino. Ela e eu, eu e ela, num ônibus com uns maços de cigarro barato fugindo da consciência. Da consciência que está lá e lá é onde queremos chegar; chegar sem sofrer, sofrer, já sofremos demais sofrermos por tertúlias, sofrermos pela dor, dor de viver, dor de apaixonar, e pela dor. E lá, onde se diz querer chegar é onde ela estará