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COLETIVO VERBAL



A Oficina de Escrita Criativa da VERBAL começou em 2016, em Brasília, reunindo pessoas que já escreviam e pessoas que sonhavam escrever, mas não encontravam a coragem para enfrentar seus medos. Depois de algumas edições, abrimos um grupo de Oficina Continuada que tem se reunido todas as segundas, para escrever, ler, dar feedback das leituras e se apoiar nesse caminho da criatividade e da expressão artística por meio da escrita. Já éramos coletivos, antes do Coletivo. Encontramos uma forma de escrever que não é solitária e nem excludente, uma forma amorosa e comunitária. Aqui no Coletivo VERBAL, divulgaremos nossos textos, nossos escritos, nossos sonhos, medos e principalmente nossa força e coragem. Escrever é uma forma de arte, uma forma de expressão. A VERBAL acredita que escrever é para todos! O Coletivo VERBAL começa aqui! Se você gostar, vem para a VERBAL escrever com a gente também! 

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É preciso ir para algum lugar? - Vera Barrozo

  É preciso ir para algum lugar? Parei. Aqui. Ao sol. Nessa cidade que não conheço... bebo uma água com limão. Pessoas caminham...  Passam. Estar...  Estar aqui.  É Paris. (Foi tanto tempo pra chegar aqui!) Agora cheguei. Nessa mesa... E já cá não estou. Porque as letras, os rumos, os objetivos de um itinerário turístico escrito por alguém – mais provavelmente dezenas – ou centenas – de pessoas me pretende dizer o que devo fazer para... (ter estado aqui) ... agora, que cheguei aqui. Não basta estar. Não basta respirar. (Se estou em Paris, há um roteiro inteiro: enorme, quilométrico, longo, antigo, moderno...) NADA de minusculinidades... Quem é você... Que vem a Paris  para sorver  o  ar da  luz  que é  re fle ti da  ao seu redor???

Hoje não é dia do índio - Karenina Bispo

                                            Créditos da foto: Folha de São Paulo O “Dia do Índio” Eu me senti instada a falar de mim. No dia 19 de abril, foi lembrado do dique costumávamos chamar de “Dia do Índio”. No Instagram eu fiz a publicação de um Reels em que alguns indígenas falam da diversidade de seus povos, populações que já estavam aqui e habitavam este país quando houve a invasão portuguesa que dizimou a maior parte dessas populações e apagou sua cultura e existência. “Hoje não é dia do índio” dizia o vídeo.  Falando de mim, eu devo admitir que já fui essa pessoa que questionou a “legitimidade desses povos” e questionei à época se ainda “existia índio” no Brasil, sendo estes civilizados. Mas que grande preconceito, não é mesmo? Admito também que já fui uma pessoa contra cotas, fossem elas quais fossem. Mas nossa! Como o tempo passou e me fez...

Árvore - Ana Keller

  Tenho de sair porta afora! Quase como se, se não o fizer, interrompo o fluxo respiratório. E não apenas porta afora, mas árvore a dentro. Qual será dessa vez? O templo no qual vou entrar? Ah ! Lá está ela ! Parece ferida no tronco. Não, não é uma ferida. É uma cicatriz. Uma cicatriz aberta. Mostra que a criatura já superou a dor, mas continua exibindo o tamanho do ataque que sofreu. Quando Ela, no topo, se abre em galhos, esses são robustos ao invés de elegantes como os que  costumo apreciar. Como são os cactos nos desertos. Ah ! Entendo a experiência desse Templo em que penetro agora ! Esqueço-me de onde venho e nem me importo para onde vou. Respiro a abundância do meu dentro. Sinto as carnes, as veias e os nervos incharem-se. Está imenso o meu interior. E não é preciso pensar, nem elaborar nada. Basta deixar a língua passear nos lábios e saborear essa montanha de Eu que Sou entre as paredes do meu Templo. O rito prossegue e sinto toda a gente que Sou sendo abençoada. Circu...