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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

O quarto do exílio - Elaine Fonseca

Na sala de estar não havia muitos objetos. A verdade, é que só havia uma cadeira de vime já desbotada pelo tempo, uma mesa capenga e um único prego na parede. Com uma luz meio esverdeada, o ambiente parecia mais surrado do que realmente era e a lâmpada esbranquiçada remetia à um hospital abandonado. Foi ali, naquele cafofo, que Carmem aportou pela primeira vez em meio à selva de pedra. Olhou o quartinho sujo e puído, deu um sorriso de canto de boca. Colocou a mala antiquada no chão e dela retirou um quadro. Os olhos dela brilharam quando fixou o objeto no prego. Afastou-se para ver melhor como a peça   ficara. Era um poema do Vinícius e, naquele exílio, seria seu hino e a sua pátria seria íntima, como nos versos do mestre.

Origami - Lorena Santos

Fina e delicada dobradura. Branca, no meio da sala, apresenta-se diminuta, mas multiplica-se em sua sombra projetada. Símbolo da beleza que se estende de mim ao outro e a mim retorna. Pequeno gesto e presente que me traz alento e me lembra porque importa o que faço. Porque depois de escrever alguém dobra um lindo e leve Tsuru e me devolve as asas que eu ajudei a soltar.