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Mostrando postagens de junho, 2018

LIBERDADE - Conceição Couto

Entrei num carro vermelho sem saber para onde ia. No vidro, um adesivo: “Cuba Livre.” A sensação de não saber onde ir me provocou conforto. Como é bom não precisar saber aonde ir. Me levem para um bom lugar. Qualquer bom lugar.O carro vermelho se destacava na rua da cidade - era o que me dizia a imagem no retrovisor. Vermelho, sangue. Vermelho, batom do bordel barato. Vermelho, paixão. Vermelho, liberdade. Aquele conforto da viagem se aninhou em mim. Continuei a olhar a imagem no retrovisor. Tudo ficava pra trás, onde eu não precisaria mais ficar. Verbal, 28 de maio de 2018.

O Café

Em um café, onde muitas histórias se passam. As histórias voam somem, porque elas só tem necessidade de estar ali, naquele café, uma só vez. Mas elas, as duas amigas escritoras, estavam ali, para resgatar aqueles contos perdidos. E, meu caro leitor, eu lhe pergunto, para que, elas estariam fazendo isso? Por que sentar em um café e escrever? Quanta inutilidade, como muitos pensam.Elas eram e são assim, fazem isto, porque está em suas almas resgatar histórias errantes. Uma tem sonhos, mas eles ainda estão há se realizar. Já a outra, ela já fez de tudo um pouco. Muito parecidas e muito distintas. Todavia, sentadas ali, naquele café, estavam apenas escrevendo e imaginando suas histórias completas e incompletas, de suas vidas ou não.

À Luta - Elaine Fonseca

Na parede, o prego. Pensei em desistir de colocar ali o panfleto que recebera na Primeiro de Dezembro, uma rua obscura e mal frequentada, na periferia da cidade. Era só um pedaço de papel meio rôto e desgastado, mas dizia: Hai que endurecer pero sin perder la ternura. E via-se o rosto de Tchê Guevara com aquela boina revolucionária.  - Por Deus. Que seja – e preguei o panfleto na parede. - A partir de agora, seus filhos da puta, sou comunista. À luta!