Carrego vários corações em meu peito e muitos já tive nas mãos
Variados tamanhos, formas e forças
Bacanas, babacas, patifes
Leais, fiéis, traidores
Religiosos, ateus, bonitos
Casados, feios, solteiros
Corações bons e ruins, amores
É que o amor sempre me encontra e trás boa sorte
Eu tive uma infância cruel, embora não parecesse
O que se via era o mito de uma família feliz
Eu tive uma juventude sofredora, embora não parecesse
O que se via era o mito da bela donzela feliz
Mas foi ali no meu passado cruel e sofrido
Que vivi momentos de verdade, de mais amores vividos
do que amores sofridos
Subitamente, eu tinha a sorte de ter alguém que me amasse
Repentinamente, a sorte de escolher o amor se quisesse
Eu geralmente queria, como alma que abraça o mundo
Com certa alegria que tocava em tudo
Toda vez que penso, me espanto ao ver que meu pranto logo virava riso
As lágrimas quentes na pele seca, faziam-se úmido deleite e regozijo
O choro convertido em sonhos
O abandono virado em desejos
A mentira partida ao meio, escancarando as verdades
As correntes que se arrastavam, agora arrebentadas.
Fiz para mim uma colcha de retalhos, com os pedaços que guardei de cada amor
Costurei-os com agulha de decepção e bordei com linha da paixão
Foi um cobertor curto, até bem pouco tempo
Só me cobria a cabeça, ou só me cobria os pés
Eu precisava amar mais e completar a cobertura das minhas vulnerabilidades.
Completei, estou aquecida. Tenho meus próprios recursos, e a colcha inteiramente tecida.
E o amor ainda me encontra, trazendo a boa sorte
De começar a tecer colchas desnecessárias.
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