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É preciso ir para algum lugar? - Vera Barrozo

 


É preciso ir para algum lugar?

Parei.
Aqui. Ao sol.
Nessa cidade que não conheço... bebo uma água com limão.
Pessoas caminham... 
Passam.
Estar... 

Estar aqui. 

É Paris.
(Foi tanto tempo pra chegar aqui!)

Agora cheguei. Nessa mesa...
E já cá não estou.
Porque as letras, os rumos, os objetivos de um itinerário turístico escrito por alguém –
mais provavelmente dezenas – ou centenas – de pessoas
me pretende dizer o que devo fazer para... (ter estado aqui)
... agora, que cheguei aqui.

Não basta estar.
Não basta respirar.

(Se estou em Paris, há um roteiro inteiro: enorme, quilométrico, longo, antigo, moderno...)
NADA de minusculinidades...

Quem é você... Que vem a Paris 
para sorver 
ar
da 
luz 
que é 
re fle ti da 
ao seu redor???


Comentários

  1. O poema reflete muito bem os caminhos que nos são pré definidos quando chegamos à uma cidade histórica e/ou turística.

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  2. que lindo! Senti o cheiro das flores do Jardin de Luxembourg enquanto lia a sua poesia....agradeço!

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 Água sólida, Água líquida, Água gasosa;  Água viva, Água morta, Água parada;  Água doce, Água salgada, Água que me faz viver a cada passada;  Água do rio, Água neutra, Água do mar;  Água desperdiçada Água suja Água que cai em pé e corre deitada;   Água pura, Água tratada, Água reutilizada;  Água, Água,...,  Água, Água….,   Água que deságua no lago paranoá  Água cristalina,  Água do céu;  “Água de beber camará”