Saudade sentimos quando o silencio entre pessoas comunica mais que as palavras; quando afinamos o tom do nosso cantarolar ao da música super famosa que toca nas rádios estrangeiras; quando a presença graciosa de nossos corpos não passa despercebida na multidão de outras corporeidades quase iguais.
Como escrever uma palavra que abranja tantas emoções? Como destrinchá-la em frases enormes que possam tocar a alma, sem falar a mesma língua?
Os pequenos e silenciosos desencontros da vida nos lembram sempre de que não é possível funcionar sempre na mesma rotação, ter o mesmo horizonte e se apropriar apenas de um idioma. É preciso ser bilíngue ou melhor... poliglota! de palavras, de olhares, de silêncios e pesares.
Engana-se quem pensa que assim a saudade passará. Talvez ela venha em dobro: a cada novo mergulho cultural, somam-se novas saudades antes desconhecidas.
A imagem é da artista plástica Beatriz Milhazes
Comentários
Postar um comentário