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Olhos - Adriana Gomes



 Minha mente vai e volta... me lembrei do dia que senti na alma a dor de um amor ou uma lembrança desse amor. Ele contava para outra pessoa, possivelmente para eu ouvir, que não sente falta da faculdade por causa das pessoas. Segundo ele as pessoas queriam ser aceitas por serem diferentes, mas não o aceitavam do jeito que era. Seria ele tão mais diferente de mim? Seria eu a diferente? Mal sabe ele que é amado por amigos, colegas, família, chefe... por mim. 

Seus olhos castanhos, sobrancelhas e cílios marcadamente negros e profundos: "olhos de ressaca, com uma força que atrai tal qual a ressaca atrai a água de volta ao mar" não veem a realidade a sua volta. Não se enxerga e não enxerga o outro. Prefere entregar-se a lembranças e memórias de uma mente oculta a toda e qualquer resposta que pode ser dada, optou por viver sua própria escuridão, já tinha em si a amargura e o medo da vida e o medo de mim. 

Existem perguntas, assim como respostas que talvez seja conveniente deixar longe dos olhos de quem nunca saberia como enxergá-las. Por que esse medo de mim? Por que esse medo de nós? Nos escondemos, escondemos nossos sentimentos em favor de uma paz social, para sermos bem vistos, “somos bons”. 

É difícil deixar de ser o bom garoto e a boa moça. Vivemos vidas hipócritas por um bem maior... a sociedade... nunca pensamos na gente... na nossa felicidade... o distanciamento ajuda a clarear o que queremos realmente... a nos olhar... quando faremos algo realmente por nós? Talvez... nunca...
Que eu escreva mais sobre os olhos que arrastam tudo para dentro de si. Podem ser os dele e podem ser os meus.

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