Cortam lá fora e aqui está tão triste. Impotência de quem vê, de quem corta. Responsabilidade de quem? Sua, minha ou de ninguém? Cortam lá fora e aqui o que aflora? Desesperança. É a vida se esvaindo aos poucos de uma forma tão rápida. Quando já se vê, nem se vê mais. Cortam lá fora, continuam cortando, e aqui dentro? sangrando. Quem ousa inerte assistir ao “espetáculo” da morte? A vida é tão fugaz. As árvores que abrigavam ospássaros já não abrigam mais. As folhas verdes continuam verdes, esperança no chão, elas não voltam mais não. Cortam lá fora e agora o aqui é imensidão, deserto de vida. Quem provocou tanta ferida em meu coração? Cortam lá fora, cortam aqui, continuam cortando, eles têm de seguir. Cortam lá fora e aqui eu só posso assistir. Quem poderia impedir? Mais um minuto. Eles continuam a cortar e dos pássaros o canto ouço a entoar um choro de desespero: “eu perdi meu lar”. Cortam lá fora e eu aqui dentro tenho de terminar.
É preciso ir para algum lugar? Parei. Aqui. Ao sol. Nessa cidade que não conheço... bebo uma água com limão. Pessoas caminham... Passam. Estar... Estar aqui. É Paris. (Foi tanto tempo pra chegar aqui!) Agora cheguei. Nessa mesa... E já cá não estou. Porque as letras, os rumos, os objetivos de um itinerário turístico escrito por alguém – mais provavelmente dezenas – ou centenas – de pessoas me pretende dizer o que devo fazer para... (ter estado aqui) ... agora, que cheguei aqui. Não basta estar. Não basta respirar. (Se estou em Paris, há um roteiro inteiro: enorme, quilométrico, longo, antigo, moderno...) NADA de minusculinidades... Quem é você... Que vem a Paris para sorver o ar da luz que é re fle ti da ao seu redor???
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