Quando os boletos daquele mês foram empurrados pela fresta da porta e o banco friamente acusou insuficiência de saldo, Rita cozinhou algumas marmitas extras antes de sair de casa rumo ao portão da escola. Chegando para mais um dia de aula no turno da tarde ou encerrando uma manhã de estudos, aqueles alunos famintos garantiriam o sustento da semana.
Era assim que Rita encarava a vida. Para tudo havia uma solução. Pensamento positivo e dedicação eram os ingredientes de sua resiliência, o fermento do tão estranho otimismo que permeava aquela casa de tijolos na periferia da cidade. Rita se orgulhava de ter transmitido aos filhos essa maneira leve de conduzir a vida. Quando o pequeno João voltou da pelada com os amigos naquele fim de tarde, carregando a bola furada embaixo do braço, ele não titubeou: seguiu para o quarto, sem reclamar nem se lamentar, e um punhado de meias velhas enroladas umas sobre as outras se transformaram em solução.
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Créditos da Foto: http://www.seacidadefossenossa.com.br./
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