Se
me pedissem para escolher entre ontem e amanhã eu, com certeza, optaria pela
incerteza do amanhã, pelo desconhecimento, pela possibilidade, pelo fazer
diferente. Daria-me um buquê de noiva e adentraria a nave de uma capela vazia
de pessoas e cheia de sentido e me casaria, sem noivo, noiva ou testemunhas
comigo mesma. Colocaria no cálice, em lugar das hóstias, todas as dores para
que se refizessem e me integrassem sem danos. Transmutadas em memórias, elas,
as dores, seriam apenas o que já vivi sem o peso de ser como sou. Diria para
mim mesma, “ Eu aceito me casar comigo e comigo estar por todos os dias da
minha vida, mais na saúde do que na doença, mais na alegria que na tristeza,
amando-me e respeitando-me por todos dias da minha vida”. Sairia da capela com
a certeza de estar construindo uma vida nova onde a gentileza comigo imperaria.
Sem máscaras ou fantasias, sem a expectativa do outro ser responsável pela
minha inteireza. Eu e eu mesma sairíamos, assim, de mãos dadas para a velha e
nova vida.
É preciso ir para algum lugar? Parei. Aqui. Ao sol. Nessa cidade que não conheço... bebo uma água com limão. Pessoas caminham... Passam. Estar... Estar aqui. É Paris. (Foi tanto tempo pra chegar aqui!) Agora cheguei. Nessa mesa... E já cá não estou. Porque as letras, os rumos, os objetivos de um itinerário turístico escrito por alguém – mais provavelmente dezenas – ou centenas – de pessoas me pretende dizer o que devo fazer para... (ter estado aqui) ... agora, que cheguei aqui. Não basta estar. Não basta respirar. (Se estou em Paris, há um roteiro inteiro: enorme, quilométrico, longo, antigo, moderno...) NADA de minusculinidades... Quem é você... Que vem a Paris para sorver o ar da luz que é re fle ti da ao seu redor???
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