Se
me pedissem para escolher entre ontem e amanhã eu, com certeza, optaria pela
incerteza do amanhã, pelo desconhecimento, pela possibilidade, pelo fazer
diferente. Daria-me um buquê de noiva e adentraria a nave de uma capela vazia
de pessoas e cheia de sentido e me casaria, sem noivo, noiva ou testemunhas
comigo mesma. Colocaria no cálice, em lugar das hóstias, todas as dores para
que se refizessem e me integrassem sem danos. Transmutadas em memórias, elas,
as dores, seriam apenas o que já vivi sem o peso de ser como sou. Diria para
mim mesma, “ Eu aceito me casar comigo e comigo estar por todos os dias da
minha vida, mais na saúde do que na doença, mais na alegria que na tristeza,
amando-me e respeitando-me por todos dias da minha vida”. Sairia da capela com
a certeza de estar construindo uma vida nova onde a gentileza comigo imperaria.
Sem máscaras ou fantasias, sem a expectativa do outro ser responsável pela
minha inteireza. Eu e eu mesma sairíamos, assim, de mãos dadas para a velha e
nova vida.
Créditos da foto: Folha de São Paulo O “Dia do Índio” Eu me senti instada a falar de mim. No dia 19 de abril, foi lembrado do dique costumávamos chamar de “Dia do Índio”. No Instagram eu fiz a publicação de um Reels em que alguns indígenas falam da diversidade de seus povos, populações que já estavam aqui e habitavam este país quando houve a invasão portuguesa que dizimou a maior parte dessas populações e apagou sua cultura e existência. “Hoje não é dia do índio” dizia o vídeo. Falando de mim, eu devo admitir que já fui essa pessoa que questionou a “legitimidade desses povos” e questionei à época se ainda “existia índio” no Brasil, sendo estes civilizados. Mas que grande preconceito, não é mesmo? Admito também que já fui uma pessoa contra cotas, fossem elas quais fossem. Mas nossa! Como o tempo passou e me fez...
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