Pular para o conteúdo principal

Carta ao meu corpo - Elaine Fonseca




Lindo amigo Corpo,


Sei que faz um tempo que não  nos falamos ou talvez nunca tenhamos trocado uma ideia de uma forma tão reta e sincera. Me lembro que a última vez que nós tentamos um diálogo você não me obedeceu. Cismou em entrar em pânico.


Mas hoje eu sou outra. Sou melhor. Sou uma versão 3.0 de mim mesma. Esta mente que te habita, digo com convicção, é uma mente que busca viver com mais equilíbrio, com mais amor. E é por isso que venho, hoje, falar contigo, meu querido Corpo.


Venho te agradecer por tudo o que você tem me proporcionado nos últimos 40 anos de existência. Você me ajudou a chegar onde jamais sonhei e foi contigo que alcancei tudo o que almejei.


Verdade seja dita: você, assim como eu, não tem mais 20 anos. Há sim situações indesejadas entre nós, como aquelas celulites e aquela pochetinha que parece ter-se instalado de forma permanente. Nunca te acostumei a comer mato e por isso, hoje, você está longe de ser padrão dessas revistas ditatoriais que circulam por aí. Mas eu te amo mesmo assim.


Amo que você seja meio roliço e carnudo, amo que meus pés sejam capazes de sentir as ondas do mar e a areia nos pés. Amo que você seja capaz de correr, suar, chorar, sorrir e cantar. Por tudo isso, Corpo, eu apenas vim aqui pra te dizer que eu sei que vou “te amar por toda a minha vida”.

Elaine 



Comentários

  1. Elaine, como é bom ver a narradora ter uma relação saudável com o corpo, que :a levou a lugares nunca antes imaginados", com seus limites e despetares. Sugiro um título para todos os textos: Mulheres falam com seus corpos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Hoje não é dia do índio - Karenina Bispo

                                            Créditos da foto: Folha de São Paulo O “Dia do Índio” Eu me senti instada a falar de mim. No dia 19 de abril, foi lembrado do dique costumávamos chamar de “Dia do Índio”. No Instagram eu fiz a publicação de um Reels em que alguns indígenas falam da diversidade de seus povos, populações que já estavam aqui e habitavam este país quando houve a invasão portuguesa que dizimou a maior parte dessas populações e apagou sua cultura e existência. “Hoje não é dia do índio” dizia o vídeo.  Falando de mim, eu devo admitir que já fui essa pessoa que questionou a “legitimidade desses povos” e questionei à época se ainda “existia índio” no Brasil, sendo estes civilizados. Mas que grande preconceito, não é mesmo? Admito também que já fui uma pessoa contra cotas, fossem elas quais fossem. Mas nossa! Como o tempo passou e me fez...
 Água sólida, Água líquida, Água gasosa;  Água viva, Água morta, Água parada;  Água doce, Água salgada, Água que me faz viver a cada passada;  Água do rio, Água neutra, Água do mar;  Água desperdiçada Água suja Água que cai em pé e corre deitada;   Água pura, Água tratada, Água reutilizada;  Água, Água,...,  Água, Água….,   Água que deságua no lago paranoá  Água cristalina,  Água do céu;  “Água de beber camará”

É preciso ir para algum lugar? - Vera Barrozo

  É preciso ir para algum lugar? Parei. Aqui. Ao sol. Nessa cidade que não conheço... bebo uma água com limão. Pessoas caminham...  Passam. Estar...  Estar aqui.  É Paris. (Foi tanto tempo pra chegar aqui!) Agora cheguei. Nessa mesa... E já cá não estou. Porque as letras, os rumos, os objetivos de um itinerário turístico escrito por alguém – mais provavelmente dezenas – ou centenas – de pessoas me pretende dizer o que devo fazer para... (ter estado aqui) ... agora, que cheguei aqui. Não basta estar. Não basta respirar. (Se estou em Paris, há um roteiro inteiro: enorme, quilométrico, longo, antigo, moderno...) NADA de minusculinidades... Quem é você... Que vem a Paris  para sorver  o  ar da  luz  que é  re fle ti da  ao seu redor???