Clarice Lispector disse “viver
ultrapassa qualquer entendimento”. Hoje
é aniversário de Clarice e escrevemos todas em volta da mesa. Não nascemos na
Ucrânia. No máximo, umas vieram da beira do mar e outras brotaram aqui mesmo,
neste cerrado em que nascem vermelhas Caliandras. Em Clarice pensamos hoje. E
juntas em volta da mesa, escrevemos e partilhamos escritos. Mulheres que somos,
hoje, unidas em torno deste ofício de desnudar-se através das palavras tal qual
o fez Clarice, embora cada uma diferentemente.
Admiro, nelas, os cabelos que caem
aos olhos, os fios que escorrem pelas nucas, as canetas que correm pelo papel
seguradas por mãos urgentes, e poucas vezes hesitantes, o tec tec do teclado
dos laptops. Admiro a fé e a dúvida que compartilham no humano e no divino.
Reconheço sua beleza e felicito-me por partilharem comigo e deixarem um pouco
de seu ver e seu viver.
Sentadas em volta desta mesa, não
interessa se somos Clarice. Não precisamos ser. Homenageamos Clarice em nossa
prática. Rendemos nosso respeito a uma escritora mulher que ousou e aqui
ousamos cada uma a seu modo. E que se danem os que acham que não devemos, não
podemos ou que questionam para que fazemos isso. Fazemos por que escrever para
nós é viver e “viver ultrapassa qualquer entendimento”.
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