Pular para o conteúdo principal

Gentileza em tempo de selvageria - Lorena Santos




Plantar gentileza em tempos de selvageria
Escolher o sim ou o não
Perceber que o verde das folhas não é um único verde
Cada uma em suas nuances, suas finas curvas e linhas
Como rugas que caminham em nossas faces
Cada tom, bandeira, água, amarelado
Como os envelopes de cartas de um primeiro amor
Eterno em devaneios
Leve em bolhas de sabão

E o não saber o que é reto, o que é correto e certo
se não o íntegro de si
que é nada além da matéria do sonho
e o concreto do desejo
e do sexo.

Essa busca pelo que é lá no fundo de si
Que salta daqui para ali
Que não sabe mais ser contido em um continente
oco que um dia coube o mundo
Hoje vazio e entupido
Como se pudesse ser tudo ao mesmo tempo que vácuo

O ontem e o amanhã
no mesmo barco
porque não se sabe o que é um ou o outro
E toda essa história de sim e de não é tão balela
quanto essa ideia de gentileza em tempo de selvageria
Suportaria talvez um dia?
Duraria quem sabe o sopro de uma vela
esse amor eterno  em fantasia

Leia também em: https://innerbabel.blogspot.com/2018/11/gentileza-em-tempos-de-selvageria.html

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Árvore - Ana Keller

  Tenho de sair porta afora! Quase como se, se não o fizer, interrompo o fluxo respiratório. E não apenas porta afora, mas árvore a dentro. Qual será dessa vez? O templo no qual vou entrar? Ah ! Lá está ela ! Parece ferida no tronco. Não, não é uma ferida. É uma cicatriz. Uma cicatriz aberta. Mostra que a criatura já superou a dor, mas continua exibindo o tamanho do ataque que sofreu. Quando Ela, no topo, se abre em galhos, esses são robustos ao invés de elegantes como os que  costumo apreciar. Como são os cactos nos desertos. Ah ! Entendo a experiência desse Templo em que penetro agora ! Esqueço-me de onde venho e nem me importo para onde vou. Respiro a abundância do meu dentro. Sinto as carnes, as veias e os nervos incharem-se. Está imenso o meu interior. E não é preciso pensar, nem elaborar nada. Basta deixar a língua passear nos lábios e saborear essa montanha de Eu que Sou entre as paredes do meu Templo. O rito prossegue e sinto toda a gente que Sou sendo abençoada. Circulo desde

É preciso ir para algum lugar? - Vera Barrozo

  É preciso ir para algum lugar? Parei. Aqui. Ao sol. Nessa cidade que não conheço... bebo uma água com limão. Pessoas caminham...  Passam. Estar...  Estar aqui.  É Paris. (Foi tanto tempo pra chegar aqui!) Agora cheguei. Nessa mesa... E já cá não estou. Porque as letras, os rumos, os objetivos de um itinerário turístico escrito por alguém – mais provavelmente dezenas – ou centenas – de pessoas me pretende dizer o que devo fazer para... (ter estado aqui) ... agora, que cheguei aqui. Não basta estar. Não basta respirar. (Se estou em Paris, há um roteiro inteiro: enorme, quilométrico, longo, antigo, moderno...) NADA de minusculinidades... Quem é você... Que vem a Paris  para sorver  o  ar da  luz  que é  re fle ti da  ao seu redor???

Vi e vivi - Rachel Dorneles

  Hoje faço 50 anos, sobrevivi! Vivi o que é desamor, falso amor e amor superficial. Tudo isso carregado de microviolências.   Fiquei maravilhada com a Comunicação Não Violenta,  quando  a descobri! Sinto que é meu o desafio de aprender e aplicar a empatia. Ao longo da vida, tenho carregado intimamente canhões voltados contra mim, respingando estilhaços  nos outros.   Curar as feridas da violência e transformá-las em humanidade é uma inspiração vinda do exemplo de Nelson Mandela.   Minha sede é de  perseverar  como os nossos indígenas. E de  renascer  assim como fizeram os africanos escravizados. Fico me imaginando nessa ou naquela situação.   Suspeito que haja uma foça interior, uma grande inteligência cósmica que orienta a quem resiste desde dentro de si para preservar a humanidade.