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Sobre dança e vida - Vera Barrozo




A bailarina que morava ali se foi. 
Não disse pra onde. 
Cansou. 

Não queria mais passos estudados, treinados, tensos, ou não. 
Não queria mais aquela dança. 
Mesmo que sua roupa fosse tão linda, angelical, branquíssima como a neve. Chega de tanta delicadeza! 

Chegou, pra ela. 

Saiu pra conhecer os outros tipos de dança que dançavam dentro de si. 
E se esbaldou. 

Porque eram tantas as músicas, os movimentos, as roupas possíveis! 
Eram tantos os ritmos!

Até pensou: - Nossa, por que fiquei tanto tempo lá? 

Mas é preciso. 

É preciso ficar o tempo que não sabemos qual é, 
e que descobrimos quando passa, chega, vai...
e seguimos, vamos, adiante. 

É. 

Faz parte do processo de amadurecimento dos frutos mais deliciosos. 
O tempo em que não se está em êxtase, com a vida. 

Agora estou. E nada mais me prende. 
E sigo o movimento que me enleva e leva ao encontro de mim. 
Me leva ao conforto do meu próprio coração, me diz que sim. 
Estou inteira. 
E danço.

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 Água sólida, Água líquida, Água gasosa;  Água viva, Água morta, Água parada;  Água doce, Água salgada, Água que me faz viver a cada passada;  Água do rio, Água neutra, Água do mar;  Água desperdiçada Água suja Água que cai em pé e corre deitada;   Água pura, Água tratada, Água reutilizada;  Água, Água,...,  Água, Água….,   Água que deságua no lago paranoá  Água cristalina,  Água do céu;  “Água de beber camará”