Rosas, cravos, margaridas, flores do campo, há quanto tempo não sentia paz? Deitada aqui me parece que o tempo está suspenso, a imobilidade física contaminando minha mente, ponto, tudo em ponto morto, de olhos cerrados vejo minhas mãos entrelaçadas, unhas vermelhas em dedos longilíneos, por que escolhi pintá-las de vermelho-vivo? O vivo, quero mais vida, menos sofrimento, menos do que tenho, a cor assentou como se fizesse parte de mim, cor-sangue, sangue-vivo. Meus cabelos ganharam vida, reflexos dourados, solar, mudança, ah! mudança tão bem-vinda e a razão de todo o desejo de agora, há oito anos nada disso era possibilidade, há oito anos, minha vida mudou, eu mudei, eu gerei, agora, essa paz estranha e benfazeja. Nada de gritos de crianças, de marido, de mãe, nada, nada, nenhum olhar paterno de decepção, paz, paz solarmente vermelha, nem este cheiro enjoativo me atrapalha e eu sempre tão sensível a odores florais, nada, nada, nada me atordoa, um dia o silêncio me aterror...
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